Dói ausente o momento
Pálido no grito
Desconhecedor da sonora força.
Dói ausente o momento
Em dois corações novos
Um triste
O outro também.
Dói ausente o momento
Em dois corações novos
Um acompanhado da solidão.
O outro, solitário
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que mostra
O outro que lê.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que não espera
O outro que senta.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um carente
O outro, ausente.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um gentil
O outro também.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que cala
O outro que pensa, e não para.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que é livre
O outro que é solto.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que pisa
O outro que se esvai.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que dança
O outro também.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que olha
O outro que cerra os olhos.
Dói ausente o momento
Em duas bocas
Uma vermelha
A outra rosa.
Dói ausente o momento
Em duas bocas
Um que sorri
A outra também.
Dói ausente o momento
Em duas bocas
Uma que seca
A outra que molha.
Dói ausente o momento
Em duas bocas
Uma grande
A outra que pergunta.
Dói ausente o momento
Em duas bocas
Uma de lábios fartos
A outra de fartos lábios e, talvez, por isso, ausentes.
Dói ausente o momento
Em quatro olhos
Dois que se aproximam
Dois que se ausentam.
Dói ausente o momento
Em quatro olhos
Dois que se esclareçem
Dois que são pretos, pois ausentes.
Dói ausente o momento
Em quatro olhos
Dois tristes
Dois preocupados.
Dói ausente o momento
Em quatro olhos
Dois que falam
Dois que gemem.
Dói ausente o momento
Em quatro olhos
Dois que buscam
Dois que são buscados.
Dói ausente o momento
Em quatro mãos
Duas que amarram
Duas que desatam.
Dói ausente o momento
Em dois corações
Um que não espera
O outro que já se foi.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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